quarta-feira, 8 de janeiro de 2014


                            A Janela

         



Batia um vento frio no rosto inocente daquela jovem. Estava na janela havia algum tempo, com o olhar perdido e sombrio, sobre pensamentos longíquos e coração apertado.
Sentada na confortável cadeira, observava o comércio da frente, pessoas entravam e saiam, sozinhas ou acompanhadas, a pé ou com carro. Era um dia frio, o mês era setembro. Embrulhada no cachecol observou atentamente, perec
ia ser ele, quem esperava todos os dias, um homem alto e esbelto entrou no comércio e seu coração acelerou, ajeitou os cabelos, desceu rapidamente as escadas com pensamentos à turbilhão, queria que ele a visse e sabia que se ele a olhasse, seu coração palpitaria e por ela alguma coisa talvez sentiria.
Pensou no abraço que daria, no beijo estalado e com marcas de batom que deixaria sobre sua face, pensou no perfume hipnotizador que dele exalaria, e pensou também nas suas mãos entrelaçadas sobre seus cabelos. . .
Adentrava o comércio ansiosa, louca, tonta , apaixonada, desesperada. . . Avistou o homem novamente, que se virou lentamente, e viu que seus olhos não eram os mesmos que procurava encontrar, não era a pessoa que esperava, não era ele, enganara-se e com total decepção voltava para seu trabalho com lágrimas nos olhos.
Entrou em seu escritório triste e abatida. Se acolheu novamente na cadeira e se enrolou no cachecol.
Perdeu-se em pensamentos e desistiu de encontrá-lo, já que obtera a informação de que ele sempre frequentara ali. Virou-se para a mesa de trabalho, bebericou um copo de café fresco e começou a trabalhar freneticamente.Não estava disposta a esquecê-lo, mas se dedicaria a outras coisas, e não olharia com tanta frequência para a janela.
No entando, do outro lado da rua, um par de olhos azuis observava tudo atentamente, e quando a viu chorar, se agustiou, lamentou, quis correr para ela, abraçá-la forte e talvez a beijasse. . .
Era uma sala pequena, de onde tudo via. Quando soube que ali ela trabalhava, alugou um espaço, um lugar onde a tivesse por perto e conciliava trabalho e apreciação. Não ia ao comércio da frente, ninguém o via mais por ali. Ambos por não poderem viverem um amor, se escondiam um do outro e silenciosamente se buscavam em pensamentos. E pela janela se tinham , sem que ela soubesse e sem ele a tê-la.Tão perto, tão próximos, porém tão longe numa distância que o medo prega em corações comprometidos. 


(Débora Alves - dezembro 2013)

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